Cowboy Cantor

sexta-feira, 6 de abril de 2007

O Dia Que Mudou Os Anos 90

Ontem, 5 de Março, passaram 13 anos sobre a morte de Kurt Cobain. Apesar de ter morrido no dia 5, só se soube da notícia no dia 8, quando o encontraram morto.
No dia seguinte à divulgação da notícia assisti no pátio da Escola Secundária da Ribeira Grande às maiores cenas de hipocrisia e fanatismo. Eram lágrimas, choros e discussões filosóficas a respeito das canções dos Nirvana. Uns diziam que realmente prestando atenção às letras, percebia-se que Kurt Cobain se queria matar. Outros diziam que Kurt Cobain se matou para ficar mais famoso. Houve quem chorasse, houve quem de um dia para o outro passasse a ter os Nirvana, e Kurt Cobain como os seus ídolos de sempre, mesmo que nunca tivessem ouvido Nirvana antes do dia 9 de Abril de 1994.
Foi precisamente nesse dia que eu ouvi pela primeira vez o álbum Nevermind. Já conhecia os temas “Come As You Are” e “Lithium”. Sabia de um tema muito mais marcante que estes dois, mas não o tinha bem presente na cabeça, Mais tarde percebi que se tratava de “Smells Like Teen Spirit” (a propósito, Teen Spirit era o desodorizante que Kurt Cobain usava). Depois de ouvir o álbum, fiquei com a certeza que os Nirvana eram uma grande banda e que Kurt Cobain era um dos melhores artistas dos últimos anos, mesmo sendo um guitarrista muito básico. Mas mais importante ainda, foi o facto de após a morte de Kurt Cobain eu ter começado a gostar muito dos Nirvana, e ter percebido, eu e muita gente, que a partir daquele momento a música nunca mais seria a mesma.
De facto, após esta data, a música atravessou uma das fases mais chatas dos anos 90. Toda a gente queria ter uma banda de três elementos, no máximo quatro. Todos queriam cantar as suas frustrações. Todos queriam puxar pela garganta ao microfone e ficar com a cara vermelha de tanto gritar em concerto. Todos queriam entrar em palco com os cabelos à frente dos olhos, e de casaco de malha. Até cheguei a ouvir dizer “quando tiver 27 anos também vou morrer”. Enfim, como todas as doenças, esta também teve cura, foi só passar um tempinho, e afinal já não era tão importante ter uma banda como os Nirvana, nem muito menos morrer aos 27 anos, porque viver segundo as nossas próprias vontades e os nossos próprios gostos é muito mais importante do que viver à imagem de outras pessoas.

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